sábado, 20 de fevereiro de 2010

the gossip

O The Gossip se apresenta em Março no Brasil, no Festival Virus Chilli Beans, dia 19 em São Paulo e dia 20 no Rio. A banda, liderada pela vocalista peso-pesado Beth Ditto, que surpreeende pela voz e pela energia em placo, estourou com o hit "Standing In The Way of Control" em 2006. O ano passado, eles lançaram o novo álbum "Music For Men", muito bem produzido, e que segue o estilo de rock cru e dançante que os popularizou. Os ingressos estão a vendas nas lojas Chilli Beans e pela internet. Corra! Twitter Oficial: www.twitter.com/thegossipbrasil

festivais indie

Que o indie é o novo pop, todo mundo está cansado de saber. Afinal, numa época em que o consumo individualizado e de nicho é o mais estimulado pelo mercado, principalmente nas grandes cidades, a música também não deixa de ser instrumento de individualização e consumo. Talvez por isso, o termo indie resuma também esta nova configuração da cultura pop, uma combinação do underground com os novos meios de comunicação. E, quando o mercado se deu conta que a música jovem estava apontando para novas tendências, esta não demorou em ser assimilada e encorporada pela publicidade. Daí, para aparecerem propagandas, campanhas, capas de revistas e outdoors com bandas e artistas indie rock foi um passo. E também, surgirem os badalados festivais indie rock, patrocinados por marcas de roupas, celulares, bebidas, enfim tudo o que faça parte do segmento de consumo jovem. A vantagem para as marcas é atrelarem sua imagem a algo que incorpora todos os valores do seu público alvo, e a um custo relativamente baixo, já que o cachê das bandas "independentes" não é o mesmo que de grandes bandas. Para o público, a vantagem é poder ver de perto artistas que, provavelmente, esperaria décadas para poder ir a um show. Quando chega o grande dia, pode-se conferir a maior concentração de óculos escuros, calças apertadas, camisas xadrez e pessoas com ar blasé fashion que alguém pode encontrar, cantando em inglês um rock dito vanguardista, que no fundo só faz dançar.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

analisando a letra

Scars se inicia numa atmosfera tranquila, com uma bela introdução acústica, tão suave como um nascer ou pôr-do-Sol, dando um tom melancólico para a entrada da voz doce de Natalie Imbruglia, indagando-se se "isto" que vive "é parte do processo" (talvez numa alusão à vida ou ao que luta para superar) e se pode conseguir "encontrar um outro caminho" para si que não permeie a dor. Falando para uma segunda pessoa, diz que foi "deixada no meio disto", "você disse 'eu vou resolver isto, prometo'", mas que não sabe como chegaram "neste primeiro estágio". A frase "Eu sou de Vênus, você é de Marte", embora pareça em um primeiro momento simplória, consegue expor bem a diferença que existe entre a compositora e a outra pessoa. "Você tem seus novos amigos e eu um coração partido", é dito não como uma mágoa ou lamento, mas numa constatação de como as coisas na vida às vezes podem ser contraditórias, exibindo um bravo senso de realidade quando conclui que "não importa quem nós somos, todo mundo tem suas cicatrizes", pois é inevitável viver sem conhecer o sofrimento, e que ele deixa suas marcas. Na segunda parte, a repetição "há um lugar, há um lugar, que eu estou indo, que eu estou indo" mantém o tom reflexivo da canção, ao mesmo tempo em que a cantora parece procurar forças para dizer tudo o que necessita dizer. "Preciso saber, você está vindo, você está vindo comigo?" não é apenas um desejo por companhia, mas a necessidade de saber se esta pessoa também ainda está ao seu lado, pois "está indo na direção errada", enquanto ela "necessita de sua proteção". Se este for o término de uma relação, o eu-lírico da canção sente-se perto do rompimento, pois infere que "talvez eu deva deixar você encontrar o seu próprio caminho", numa constatação de que os dois estão seguindo caminhos opostos, e que talvez não consigam chegar mais a um lugar comum. Dessa maneira, o refrão da música ganha um sentido mais evidente, quando ela diz estar com o "coração partido" e que "todo mundo tem suas cicatrizes", num sentimento não de negação, mas de aceitação da dor causada pelo fim. "O que poderia ser tão mal? Está tomando conta de você agora, até você saber quem você é". Eis o motivo da angústia do eu-lírico na canção, alguém que se encontra em um estágio de consciência. Enfim, há uma incompatibilidade de pensamentos nas duas pessoas da canção, exposta notadamente no refrão. A repetição final do refrão caminha num processo de aumento do drama/conflito da canção, que seguiu por toda ela, e da emoção na interpretação, até o clímax na frase "Não importa quem nós somos" (doesn't matter who we are) seguido de uma longa sustentação da última palavra, numa tradução de toda a dor e lamento da consciência desta afirmação. Um breve silêncio e a conclusão final "todo mundo tem suas cicatrizes", dita novamente após os acordes do violão, mas desta vez não com a angústia que levou à canção, mas com o senso de realidade sobre esta inevitabilidade da vida, numa purificação de seu sentimento. Natalie encontra no outro, no ouvinte da música, a pessoa da qual necessita na letra da canção, ao compartilhar sua dor e esta conhecer-se nela, pois "todo mundo tem suas cicatrizes"... Link: A arte da sublimação